Carta pra você

4 maio

Ei… Ei, amor. Ei, amor, eu sei que você tá aí, escondida em algum lugar desse mundo redondo.

Pensei em te escrever de novo. Faz tempos que não nos falamos… acho que uns 10 anos, por aí. Mas, não foi porque te esqueci não, viu? É que achei que tivesse te encontrado em outros corpos. Me enganei. Acontece. Tenho certeza que quando for você de verdade, vamos rir juntas disso. E talvez você fique com ciúme das vezes que chamei as outras pelo seu nome… amor.

Então, depois de tanto tempo resolvi te escrever de novo. É que tá difícil, sabe? Às vezes as pessoas me fazem acreditar que você não existe. Já outras pessoas insistem em dizer que você era aquela lá… que eu deixei passar, que eu perdi. Então, só pra gente deixar tudo esclarecido… não era você, né? Não, claro que não. Você é diferente. Você vai ser diferente. E você vai ser diferente principalmente porque eu sou diferente agora. Afinal, né… 10 anos. 10 anos mudam a gente. Pra melhor ou pra pior eu não sei dizer, mas que mudam, ô, se mudam!

Sabe, amor, há algum tempo atrás sentei por horas numa rodoviária esperando me encontrar com alguém que pensei ser você. Tipo coisa de filme. Achei que, ao partir, ela aparecia no último minuto me pedindo pra ficar. Mas foi diferente, ela não apareceu e eu parti em prantos. E foi bem aí que eu soube que ela não era você, eu acho. Eu me arrisquei algumas outras vezes tentando te encontrar por aí. Arrisquei até mudar de cidade. Imaginei que você pudesse estar longe e eu deveria me esforçar mais pra te achar. Mas em nenhuma dessas vezes era você. E sabe, hoje eu estou aqui um tanto quanto cansada. Cansada e desconfiada de você. Você não me esqueceu, né? Olha, amor. Vim te dizer só que vou descansar as pernas um pouco. Vou estar aqui, esperando você. Mas vou ficar quietinha dessa vez. Espero que você não demore a receber essa carta.

Espero que você não demore a aparecer.

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